HISTÓRIA - NIÉDE GUIDON

Niéde Guidon nasceu em Jaú, São Paulo, em 12 de março de 1933. Tem graduação em História Natural pela USP, com doutorado em pré-história pela Sorbonne e especialização na Université de Paris. 

Em 1963, em uma exposição no Museu Paulista, que expunha pinturas rupestres de Minas Gerais, a Dra. Niéde Guidon foi informada, por um morador da cidade de São Raimundo Nonato, que havia pinturas semelhantes ao da exposição no sítio arqueológico de Coronel José Dias, a cerca de 525 km de distância de Teresina, Piauí. 

Na década de 1970, um grupo de arqueólogos brasileiros e franceses, dirigidos pela arqueóloga Niéde Guidon, iniciou as pesquisas na região com financiamento da França. Assim foi criada a Missão Arqueológica Francesa no Piauí. Esse trabalho possibilitou a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara e da Fundação Museu do Homem Americano – Fumdham, criado para divulgar a importância do patrimônio cultural deixado pelos povos pré-históricos na região.

Em 1991, pela importância de seus sítios arqueológicos, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi inscrito pela UNESCO na lista de Patrimônio Mundial. Até o ano de 2018 foram lá se registraram mais de mil sítios com pinturas e gravuras rupestres pré-históricas, indicando uma das maiores concentrações de sítios pré-históricos do mundo por quilômetro quadrado.

Presidente de honra da Fumdham, a Dra. Niéde Guidon continua a dedicar-se à conservação e ao desenvolvimento do Parque Nacional da Serra da Capivara.

Os achados arqueológicos da Dra. Niéde Guidon sustentam a tese de que o povoamento do continente americano se deu muito antes do que se acreditava.

Enquanto a hipótese mais aceita do povoamento das Américas postula que os primeiros humanos chegaram ao continente há 15.000 anos, alguns dos sítios arqueológicos da Dra. Niéde Guidon contêm artefatos que datam de até 58.000 anos.

 

O desafio da Dra. Guidon é demonstrar que suas descobertas são artefatos e não apenas geofatos – os primeiros sendo produtos do trabalho humano e os últimos da ação de forças naturais.

Em 2006 foram divulgados os resultados das pesquisas de Eric Boeda, da Universidade de Paris, e Emílio Fogaça, da Universidade Católica de Goiás, afirmando que os artefatos achados pela Dra. Niéde Guidon, em 1978, no Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato, foram realmente feitas por seres humanos e possuem idade entre 33 mil e 58 mil anos, contrariando os adversários de sua hipótese.

Com uma grande equipe de trabalho e com inúmeros projetos em andamento, a multipremiada Dra. Niéde Guidon espera reescrever a versão corrente da história demográfica do homem. Embora sua tese seja ainda contestada, o acúmulo de evidências arqueológicas fortalece cada vez mais suas hipóteses. O seu trabalho resultou em mais de 1,3 mil descobertas de sítios arqueológicos e centenas de fósseis na região da caatinga.

É em razão dessa elevada estatura científica da Dra. Niéde Guidon que nossa Instituição de Ensino escolheu homenageá-la, atribuindo-se seu nome ao nosso Colégio.

Assim, o Colégio Niéde Guidon, ou simplesmente Colégio Guidon, atribui a si nome dessa cientista, cuja dedicação à arqueologia não apenas produziu elevados estudos que redefinem a chegada e fixação do homem ao continente americano.

A homenagem à Dra. Níede Guidon é uma homenagem ao povo brasileiro. As razões são muitas.

As contestações eurocêntricas das teses da Dra. Guidon também se revelam nas antropologia brasileira, produzindo ambiente no qual o povo miscigenado deve ser governado por alguma casta ou corporação, afastando assim a autonomia da sociedade civil que deve governar a si mesma, nos termos de uma democracia constitucional.

Assim, é especial que seja uma filha de índia, de pai francês, que redefina o lugar do homem no continente americano, estabelecendo-o como morador antigo, que fez dessa terra sua morada e aqui produziu cultura autônoma.

Portanto, a homenagem à Dra. Niéde Guidon é festeja o povo brasileiro, por significar que esforço, dedicação e amor próprio podem modificar o entorno e a nós mesmos, atualizando o “torna-te o que és!”

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